terça-feira, 10 de março de 2009

Só uma palavra, ou melhor duas, Valha-me Deus!


Numa passeata por blogues deparei-me com esta pérola que muito me poderia levar a comentar. No entanto acho tão triste que me abstenho de qualquer desabafo a não ser que, e não sei bem porquê, ainda me surpreendo.

Este é um excerto de uma entrevista de Monsenhor Luciano Guerra, reitor do Santuário de Fátima, à Notícias Sábado (suplemento do DN), de 6.10.07, página 18.


Isso antigamente acontecia de igual modo. As pessoas eram talvez hipócritas...
Mas hoje ainda são mais. Os divorciados passam por períodos imensos de hipocrisia antes de consumar o divórcio.

Havia vidas desgraçadas quando não existiam divórcios...
Havia e hoje também há. E agora até há mais. No tempo em que não havia divórcios, havia situações bastante dolorosas, mas a pessoa resignava-se. A mulher dizia: calhou-me este homem, não tenho outra possibilidade, vou fazer o que posso. Ao passo que hoje as pessoas querem safar-se de uma situação e caem noutras piores.

Na sua opinião, uma mulher que é agredida pelo marido deve manter o casamento ou divorciar-se?
Depende do grau de agressão.

O que é isso do grau de agressão?
Há o indivíduo que bate na mulher todas as semanas e há o indivíduo que dá um soco na mulher de três em três anos.

Então reformulo a questão: agressões pontuais justificam um divórcio?
Eu, pelo menos, se estivesse na parte da mulher que tivesse um marido que a amava verdadeiramente no resto do tempo, achava que não. Evidentemente que era um abuso, mas não era um abuso de gravidade suficiente para deixar um homem que a amava.


E continuando com a “palavra de Deus”… (esta semana)

Tem nove anos e desde os seis que era violada pelo padrasto, mas o caso só foi conhecido quando ela se queixou de dores de barriga. No hospital no interior de Pernambuco descobriu que estava grávida de gémeos. Os médicos não hesitaram em optar pelo aborto, face ao risco de vida que corria. Mas esse aborto acabou por gerar polémica, com o arcebispo de Olinda e Recife a excomungar todos os envolvidos, incluindo a mãe da menina, e o Presidente Lula da Silva a criticar a Igreja Católica. Um facto raro por parte do Chefe do Estado brasileiro, que é católico assumido e sempre fez questão de manter as melhores relações institucionais com a Igreja. O caso está a desencadear uma tempestade política e já chegou a ter ecos no Vaticano.
(…)
O pai da menina, evangélico, tinha-se mostrado contra. O padrasto, que se encontra detido e arrisca agora uma pena de 15 anos de prisão, não está abrangido: "Ele cometeu um crime enorme, mas não está incluído na excomunhão. Foi um pecado gravíssimo, mas, mais grave do que isso, sabe o que é? O aborto, eliminar uma vida inocente", enfatizou o arcebispo, que comparou o procedimento ao Holocausto.

In Diário de Notícias

2 comentários:

Sofes disse...

Eu agora dizia aqui umas coisas mas quem me conhece sabe que ia ter que encher tudo de asteriscos para não perturbar as mentes mais...sensíveis, vá.

grão de pó disse...

é um drama quando as pessoas são obrigadas a sair das suas verdades absolutas.

se calhar, se deixarmos de ser socialmente moldados na premissa que existem e são o bem supremo, seremos todos muito mais felizes. ou teremos mais paz de espírito, à escolha do freguês.

ah, bolas, mas isto abolia nichos de poder e controlo de uns sobre outros. stupid me...