sexta-feira, 30 de setembro de 2005

o melhor dia de trabalho em fronteira...

...foi, obviamente, fora de fronteira!
querem instalar, nos moinhos da ribeira, um centro de interpretação ambiental, com vários pólos. então, convidaram a menina que é bióloga e deve gostar dessas coisas para uma visita de estudo a monfrague e cornalvo, dois parques naturais de nuestros hermanos.
se isto tivesse sido mais cedo, se calhar tinha tido mais motivação para esta terrinha...

mas... não há bela sem senão...
anteontem a minha colega foi assediada com uma apalpação mamária em plena rua, à hora de almoço. um caramelo que vinha numa carrinha, projecta-se para fora da janela e vá de meter as mãos em propriedade alheia...

p*** de terra... cada vez mais hostil :S

sai um pastelinho de bacalhau...

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

ok... isto não cessa de me surpreender...

a acção - acho que tão cedo não me habituo às alterações do acordo ortográfico. sinto-me um velho do restelo gramatical... adiante...

dizia eu, a acção decorre num normalísimo dia de trabalho (ou quase nada que se assemelhe a algo digno de ser apelidado de trabalho e por isso mesmo esteja já careca, verde, marreca desta terra, entre outras razões já partilhadas neste diário sentimental quase tão bom como as revistas maria ou que posteriormente debitarei), em que a única alteração ao normal funcionamento do sistema é que o almoço não vai ser apenas entre os bajuladores do costume e os seus superiores hierárquicos, mas uma coisa assim quase familiar em que até mesmo aqueles que não se cozem (ou cosem? não sei se é na mesma panela ou se de agulha e linha...) coabitam sorridentemente em torno de um tacho de arroz de tamboril, umas garrafitas de vinho e pão alentejano, de qualidade bastante inferior àquela que desgustava no, para mim, verdadeiro pão alentejano.

calhou aqui à donzela a marcação do dito almoço, porque já estava apalavrado há uma data de tempo, antes das parideiras cá do sítio irem dar à luz (só aqui eram três... tudo cesarianas... já não se fazem parideiras como antes...) e porque mais ninguém devia estar com vontade de tratar do assunto. não sei se está tudo com medo de gafes de protocolo, porque as eleições estão aí a porta, a maioria dos estágios no fim, e os contratos, bem esses não sei, devem ser lá para o fim do ano. ou então era inércia mesmo. não importa, calhou-me a mim, cuja vontade de cá permanecer já construiu para si mesma uma escala negativa e que, portanto, não tem nada a perder mesmo. tendo olvidado os convites à vereação e presidência mereci o seguinte comentário: assim vais longe, vais... quero lá saber... ainda vou ser gerente da zara do oeirasparque, desde que não seja função pública... se calhar ainda vou engolir o que disse. que se lixe (estive para escrever f***, mas depois o meu pai ainda lê isto. era chato e coçar não iria surtir grande efeito).

concluídos os desvios de assunto, eis então o motor desta posta:
chega aqui o vereador do andar de baixo, cujo apelido é parecido àquele caramelo que se sente vivo e tem um qualquer problema com o cabelo, porque está sempre a cantar uma qualquer mezinha de magia negra (deve ser para não cair) e é quase tão grande como o obelix, e, virando-se para a minha colega diz: andreia? e eu: essa sou eu...
- foi você que foi à caixa? (leia-se cgd, passo a publicidade)
- sim.
- é que gerente ligou-me assustado, para saber se havia alguma andreia a trabalhar na câmara, que tinha estao lá a fazer perguntas. ele achou que fosse um daqueles clientes fantasma. (daqueles que, disfarçados de clientes normalíssimos, são inquisidores perigosíssimos à por vezes transbordante incompetência dos funcionários. nem todos. não vou generalizar, que esta mania portuguesa de criticar tudo o que mexa irrita-me um bocadito).
- não, fui mesmo informar-me.
(mais conversa inútil em que fiquei com a sensação que a minha situação deve ter sido dissecada aos ouvidos da vereação...)

pois é, eu já devia saber à partida que fazer perguntas sobre crédito à habitação em modalidades alternativas numa terra em que não se dá um passo sem que se saiba não seria a melhor solução o mundo...
ainda assim, isto soa-me muito pouco profissional...

felizmente, este período de desterro está no fim, porque esta falta de privacidade até já me inibe de ir correr...

sai um pastelinho de bacalhau...

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

terapia de grupo

E ainda dizem que os computadores sao o futuro...
http://3gold.com/pictures/Computer1.htm

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

The Love boat...

sai um pastelinho de bacalhau...

Deixem-me contar-vos mais uma das minhas peripécias aqui por terras açorianas. Como muitos de vocês devem saber, este Verão fartei-me de passear pelas ilhas dos Açores. Como infelizmente não estou muito rica, faço o que o resto da malta pobre faz: ando nos barcos da açorline (aquilo é grómito por todo o lado, mas graças ao cartão jovem as viagens custavam-me 2 € e isso compensa quase tudo...)! Lá ia eu então para o Faial, para passar uns dias na praia, a rebolar no vulcão dos Capelinhos e a partir as pernas pela caldeira abaixo, para depois ir para o Pico, quiça subir a montanha (facto não consumado.... cabrão, daqui a 2 anos não me escapas!). A viagem Terceira-Faial iria demorar 10 horas, o que por si só ia ser desesperante.... ainda por cima armei-me em forte e não tomei os comprimidos anti-enjôo, e é obvio que passei a viagem toda a dizer "está-me a dar uma azia..."

Depois de horas enfiados naquele barco (que faz paragens na Graciosa, S. Jorge e Pico, e so depois vai para o Faial), finalmente saimos do cais de S. Roque, no Pico, em direcção ao Faial, onde nos esperava o Tio Peter para nos levar até ao seu cafézito e oferecer-nos um gin tónico. Já deviamos estar a uns 15 min do cais do Faial, quando o barco começa a fazer umas manobras estranhas. "Espera lá que esta merda parece que está a voltar para trás!" E não é que estava mesmo! Eu cá até gosto do Pico, mas eu queria mesmo ficar no Faial! La andamos mais uma hora até ao Pico, e os ânimos começaram a aquecer (tal como no Love boat). O que tinha acontecido é que se tinham esquecido de embarcar um carro que estava no cais, e cagaram completamente nas cerca de 40 pessoas que ainda estavam no barco e cujo destino era o Faial. Eu interrogo-me: de quem seria esse carro? De certeza que devia ser um amigo do comandante...

Com isto tudo demoramos mais 2 horas que o previsto, mas diga-se de passagem que a viagem até se tornou mais interessante, principalmente quando ia havendo porrada... até tivemos direito a um número extra de policias marítimos quando finalmente desembarcamos no Faial. Digam lá que não sou importante?!

E vivam os Açores, a terra onde não existe essa coisa chamada de "direitos dos consumidores"!

terça-feira, 6 de setembro de 2005

National Geographic - o vizinho.

Eu moro num sitio giro, clima ameno, bela paisagem e muitas outras coisas, ou não estaria lá eu. O problema de morar nestes sítios, é que toda a gente quer ir para lá, é uma daquelas coisas que se aprende em ecologia e se chama sobreposição do nicho. Até há um indice manhoso para medir isso, foi um sr. chamado Pianka que inventou. Agora está toda a gente a pensar que eu sou uma grande croma por me lembrar disto, a verdade é que fui ali ver o nome do homem ao livro, mas ao menos enganei meio mundo com a minha aparente sabedoria.

Quando alguém mora por perto, normalmente, chamamo-lhes vizinhos. Os vizinhos são por definição seres a evitar, isto porque, nunca trazem nada de bom, a não ser no dia do pão-por-Deus quando nos dão uns bolinhos. Só cerca de 99.5% (p=0.05) das pessoas que lêm este blog é que vão perceber a história do pão-por-Deus, que é como quem diz que sou só eu. Eu sei, estou a manipular a estatística, mas se me excluísse, ninguem percebia a piada e isso era muito mau para a minha auto-estima.

O grande problema dos vizinhos é que eles ouvem musica, ou pelo menos pensam que sim, o que é ainda mais grave.

Para começar, há aqui brasileiros, que ouvem de músicas de brasileiros e para piorar também as cantam. E é melhor não dizer mais nada ou não saio daqui hoje.

Depois há o vizinho-que-ouve-musica-quando-limpa-o-carro, aqui no meu catálogo tenho dois tipos, um que parou nos loucos 90’s, ou seja, embora o Supermix já tenha chegado ao número 8594, ele continua a ouvir o 6. O outro, é o puto que tem a mania que é moderno e gosta de Kizomba. O techno dos 90’s até é tolerável, se eu ouvi 20 vezes seguidas a canção nº24 do cd do Elvis, também consigo ouvir o supermix e o dancemania de 98. Quanto à kizomba a coisa é grave. Até é capaz de ter alguma piada, mas lá na terra dela, é assim como a Maria Albertina “não é um espanto, mas é cá da terra e tem muito encanto”. Não sei como eliminar este adversário, já lhe ofereci uma garrafinha de halotano e uns rebuçados de funcho polvilhados com DDT, mas a coisa não funcionou, amanhã vou por umas armadilhas contra ursos e logo se vê se funciona.

O campeão que consegue derrotar a kizomba é o vizinho tenho-uma-discoteca-em-casa, eu nunca fui lá ver mas desconfio que devem haver lá bolas de espelhos, strobes, gajos chatos, consumo à entrada e essas coisas que discotecas costumam ter. O raio do som tem cá uma pujança que até abana a minha humilde casinha. É assim como os três porquinhos, eu vivo na casa de palha e ele vive na casa de cimento. Isto até era uma comparação gira, mas agora não sei o que fazer ao terceiro porco, vou fazer de conta que me esqueci dele e acaba-se já aqui a conversa.

Por fim, só me falta falar do vizinho à-janela-ninguem-me-vê, este nem tem mau gosto musical. Houve uns tempos em que achava que era músico, baterista, para especificar. Em boa hora reparou que não tinha jeito para aquilo e a malta agradeceu. As janelas, como toda a gente sabe, são sítios da casa que dão para a rua, assim como as portas, logo não são aquilo a que se chama sítio escondido. Acho que o meu vizinho não sabe disto, mas também não vou ser eu que lhe vou dizer.

Agora tenho que me retirar para ir reforçar as trincheiras e o arame farpado. Depois deste post prevejo algumas retaliações. Um bem-haja a todos.


sai um pastelinho de bacalhau...