terça-feira, 6 de setembro de 2005

National Geographic - o vizinho.

Eu moro num sitio giro, clima ameno, bela paisagem e muitas outras coisas, ou não estaria lá eu. O problema de morar nestes sítios, é que toda a gente quer ir para lá, é uma daquelas coisas que se aprende em ecologia e se chama sobreposição do nicho. Até há um indice manhoso para medir isso, foi um sr. chamado Pianka que inventou. Agora está toda a gente a pensar que eu sou uma grande croma por me lembrar disto, a verdade é que fui ali ver o nome do homem ao livro, mas ao menos enganei meio mundo com a minha aparente sabedoria.

Quando alguém mora por perto, normalmente, chamamo-lhes vizinhos. Os vizinhos são por definição seres a evitar, isto porque, nunca trazem nada de bom, a não ser no dia do pão-por-Deus quando nos dão uns bolinhos. Só cerca de 99.5% (p=0.05) das pessoas que lêm este blog é que vão perceber a história do pão-por-Deus, que é como quem diz que sou só eu. Eu sei, estou a manipular a estatística, mas se me excluísse, ninguem percebia a piada e isso era muito mau para a minha auto-estima.

O grande problema dos vizinhos é que eles ouvem musica, ou pelo menos pensam que sim, o que é ainda mais grave.

Para começar, há aqui brasileiros, que ouvem de músicas de brasileiros e para piorar também as cantam. E é melhor não dizer mais nada ou não saio daqui hoje.

Depois há o vizinho-que-ouve-musica-quando-limpa-o-carro, aqui no meu catálogo tenho dois tipos, um que parou nos loucos 90’s, ou seja, embora o Supermix já tenha chegado ao número 8594, ele continua a ouvir o 6. O outro, é o puto que tem a mania que é moderno e gosta de Kizomba. O techno dos 90’s até é tolerável, se eu ouvi 20 vezes seguidas a canção nº24 do cd do Elvis, também consigo ouvir o supermix e o dancemania de 98. Quanto à kizomba a coisa é grave. Até é capaz de ter alguma piada, mas lá na terra dela, é assim como a Maria Albertina “não é um espanto, mas é cá da terra e tem muito encanto”. Não sei como eliminar este adversário, já lhe ofereci uma garrafinha de halotano e uns rebuçados de funcho polvilhados com DDT, mas a coisa não funcionou, amanhã vou por umas armadilhas contra ursos e logo se vê se funciona.

O campeão que consegue derrotar a kizomba é o vizinho tenho-uma-discoteca-em-casa, eu nunca fui lá ver mas desconfio que devem haver lá bolas de espelhos, strobes, gajos chatos, consumo à entrada e essas coisas que discotecas costumam ter. O raio do som tem cá uma pujança que até abana a minha humilde casinha. É assim como os três porquinhos, eu vivo na casa de palha e ele vive na casa de cimento. Isto até era uma comparação gira, mas agora não sei o que fazer ao terceiro porco, vou fazer de conta que me esqueci dele e acaba-se já aqui a conversa.

Por fim, só me falta falar do vizinho à-janela-ninguem-me-vê, este nem tem mau gosto musical. Houve uns tempos em que achava que era músico, baterista, para especificar. Em boa hora reparou que não tinha jeito para aquilo e a malta agradeceu. As janelas, como toda a gente sabe, são sítios da casa que dão para a rua, assim como as portas, logo não são aquilo a que se chama sítio escondido. Acho que o meu vizinho não sabe disto, mas também não vou ser eu que lhe vou dizer.

Agora tenho que me retirar para ir reforçar as trincheiras e o arame farpado. Depois deste post prevejo algumas retaliações. Um bem-haja a todos.


sai um pastelinho de bacalhau...

3 comentários:

grão de pó disse...

faz uma festa em casa e oferece-lhes merda de limão com 605 forte...

claro que é sempre sem querer e que pensavas que era o açúcar...

Ana (Guida) Santos disse...

Bem, felizmente não tens o som ardente de um casal durante o acto sexual... ou infelizmente...

Se quiseres podemos fazer uma sessão de karaoke em tua casa. Pode ser que resulte!

paulo disse...

a moça até anda com piada. finalmente deixou a medicação.

quanto ao problema dos vizinhos, que tal saíres da parvónia? vem para o UK que é onde (cada vez mais) estão os bons.

um bem haja.