quinta-feira, 25 de maio de 2006

raivazinha, frustraçãozinha, ascozinho e cagar de alto para tudo isso

há alturas em que tudo está, aparentemente, a correr sobre rodas, ou pelo menos de forma que não descarrila, o que pode ser o sinónimo da perfeição, para bastos frames de existências. e às vezes, o não perder o trilho passa apenas pela capacidade de esquecer, mais concretamente de recalcar, aquilo que perturba o equilíbrio que se pretende.

é por estas e por outras que ponho de lado situações incómodas como as dos próximos exemplos.

na semana passada, fui pedida em casamento. ah pois é... e não foi pela pessoa certa, mas por um colega de trabalho que culminou o seu assédio de nível um numa tentativa de diálogo de cortejamento que o tirasse da solidão que as centenas de kms até à esposa, em são tomé, tinham criado. mas isto sou eu a especular, porque a pergunta não tens mulher? foi adjectivada de ofensiva, já que a sua paixão era verdadeira desde o primeiro dia que me viu e a minha voz isto e aquilo e eu iluminava tudo por onde passava. ao fim de mês e meio de princesa, cheirosa e dona do seu coração, cansei-me e queixei-me. foi despedido. sim, sim. eu tenho este poder sobre o patronato. ou então não... servi meramente de gota de água. mas para ser sincera, eu nem queria nada disso, só que me desamparasse a loja, como lho cheguei a gritar. mas o nhurro só sabia perguntar se era pecado estar apaixonado... a minha caderneta acumula cromos destes e de facto que há uns meses que estava sem colar lá nenhum. este valeu 200 pontos.
na altura fiquei assustada, especialmente com interesses acerca da minha morada. mas agora que deixou de ser um problema, tornou-se num ápice numa insignificância e o asco deu lugar à indiferença.

há bocado as estrelas alinharam-se permitindo-me reabrir uma porta batida com força nos recônditos do recalcamento. e espantei-me como as emoções do que foi fechado em vácuo conseguem retornar tão intactas como no instante prévio a serem banidas. e surpreendi-me com a força da raiva que trazem consigo, a ponto de quase querer cuspir na sua causa. pelo menos com um claro desejo de ajuste de contas, uma chapadinha de luva branca. tudo isto com uma magnitude daquelas que ofusca a sensatez. até refrear, realizar que o mundo não é mesmo justo e com a ideia que mais tarde ou mais cedo aquilo que se faz, retorna à origem. é que não há princípios nem fins. só se começa uma vez e é fácil demais tropeçar nas próprias asneiras.

bem hajam, que eu já devia estar era a dormir...

sai um pastelinho de bacalhau...

segunda-feira, 8 de maio de 2006

quando se pensa...

... que pior não pode acontecer, lá vem mais uma coisa que nos surpreende.

não bastavam os roadkills de 5 em 5 semanas, a sujidade que se acumula a uma velocidade maior do que se a casa estivesse vazia, e outras tantas pérolas, ontem atingiu-se um novo fundo.

para não variar, alguns dos meus flatmates chegaram a casa a horas tardias e num estado alcoolizado (não dos piores, mas pelos vistos isso não interessa nada). estava eu muito bem à espera de poder usar o WC para poder (finalmente) ir dormir, quando o inesperado acontece...

eis senão quando, a porta do WC abre-se e sai de lá uma das minhas flatmates em todo o seu esplendor, i.e., da forma que a cegonha a carregou desde paris até à austrália. e com o ar mais casual do mundo. talvez porque a carraspana era tanta que, se calhar, pensava que ainda tinha a roupa vestida.

fazendo os possíveis para a olhar nos olhos (por forma a não ficar ainda mais traumatizado...), lá respondi ao cumprimento de boas noites e surripiei-me para dentro do WC pensando: "e nós... tudo bem...". é por estas e por outras que faço os possíveis para não beber como se não houvesse amanhã. ela ainda se pode dar ao luxo de se passear nua pela casa. já eu, sabe deus...

mais uma prova que a minha casa é uma animação. e que a minha flatmate não é uma verdadeira loura porque "os colarinhos e os punhos não condiziam..." (tradução à letra duma frase osga...)

sai um pastelinho de bacalhau...

quarta-feira, 3 de maio de 2006

lucky number seven

se é o número da sorte ou não, isso não sei. o que sei é que é esse o número de pessoas que habita a minha casa neste momento (eu incluído). ou seja, 7 mânfios numa casa mais pequena que um sapatinho de um dos 7 anões da Branca de Neve (o pequenito que não fala, qualquer que seja o nome da aventesma...); os 5 do costume e mais dois acampados na sala.

uma coisa é certa, animação não falta. mas é bom que arranjem casa depressa, senão qualquer dia há mortes...

sai um pastelinho de bacalhau...

terça-feira, 2 de maio de 2006

ah e tal, o vegetariano - parte ii

um mês depois, o balanço que se faça pode ser resumido a trabalha-se para xuxu!, o que corrobora (esta é para ti, guinho) que ser biólogo é algo que se aproxima muito mais do estar de férias, modelado por uma poisson, com cuja equação não vos vou maçar, não é que não saiba. segundo o método científico, esta hipótese é quase uma teoria, dado que os testes não a conseguem derrubar.
para além de um ritmo de trabalho que cura qualquer crise narcísica de desequilíbrio hormonal - porque às vezes nem tempo tinha para ir osmorregular na altura precisa e exacta da necessidade - contacta-se com um mundo totalmente diferente de pessoas, que entre si são elas próprias bem díspares entre si. do passado do juízo ao janado, passando pelo ilegal que foge para não mais aparecer ou pelo tarado meio contido, onde entropia e perpendicular podem ser termos demasiado complexos para serem entendidos, ou as piadas de duplo sentido parecem cair sempre num saco roto, o que me leva a pensar se sou eu que tenho a mente desviada, porque não eram para ser vistas na dubiedade, ou se simplesmente quem ouve não compreende.
trouxe recuerdos: incontáveis cortes nas mãos, que o sumo das limas ou o álcool de limpar talheres insistiam em assinalar, uns salpicos de queimadura de água fervente na barriga, derrames mais acentuados nas pernas e um pacotinho de tisana da felicidade, cortesia dos patrões, que me encheram de bajulações no último dia de trabalho - oficial. que ontem ainda tive que lá ir desenrascar a malta, que a despenteada e desfraldada era realmente eficaz no bar, facto provado pela quantidade inominável de condecorações obtidas na camisa ao fim de cada turno.
mas trouxe algo mais comigo. depois da fase dos pesadelos com detalhes do trabalho e crises de insónia em que só me apeteceu dizer, não volto cá mais, cresci para um estádio mais pacificado comigo e com o meio; enterrei a angústia longe dos meus dias e com ela foi a pressa das coisas e o receio de uma data de pormenores, como se alguma coisa se tivesse tornado mais sólida cá dentro. não sei como dizer isto de forma mais compreensível, mas é como se tivesse passado algum tipo de teste, ou apenas obtido um pouco de sucesso reconhecido num curto intervalo de tempo, que compensasse os meses de (in)actividade idiota e inútil.

balanço - bastante positivo :)

p.s.: a parte um ficou nos acessos recônditos da minha massa cinzenta, pelo que lamento que o título desta posta faça apenas sentido na minha percepção.

sai um pastelinho de bacalhau...